O mundo deu uma reviravolta inesperada em 2020. Ninguém esperava tudo o que veio com a pandemia causada pelo novo coronavírus e o isolamento social necessário para evitar sua proliferação.
Isso não foi diferente para cursos dos mais variados. O Ampliar, que tem como objetivo principal capacitar profissionalmente jovens em situação de vulnerabilidade social, sentiu isso também.
Como tem em seu cerne transformar vidas para o maior número possível de jovens viu, de repente, isso tudo precisar mudar. Precisou se adaptar à nova realidade. E conseguiu.
Do presencial ao online
Um dos primeiros reflexos do isolamento veio exatamente nos cursos que o Ampliar promove. Muitos deles são eminentemente presenciais, cuja prática é essencial para a formação de cada futuro profissional, como os ligados à beleza e estética, por exemplo.
“A gente já vinha pensando em criar cursos a distância, o chamado Ensino à Distância (EAD), pois muitos alunos precisam se deslocar de longas distâncias até nossa sede. Mas era um projeto. Nos vimos, como todos, com a necessidade de adiantar planos e projetos”, explica Leonardo Tavares Siqueira, diretor-presidente do Ampliar.
Segundo ele, o projeto vinha estudando plataformas que pudessem ser parceiras da instituição em cursos EAD, mas era um projeto a médio e longo prazos.
“Mas a necessidade de criar novas condições para nossos alunos tornou-se premente de uma hora para outra. ”
Adaptação passou a ser palavra-chave do Ampliar. Sem prévio aviso, as portas precisaram ser fechadas e o presencial não era mais possível. Como o mundo, o Ampliar viu e sentiu essa mudança. Como o mundo, a esperança era que durasse poucos meses, mas já se vai mais de um ano nessa situação.
O online passou a ser o “novo normal” para os jovens. Mas o que fazer com cursos que precisam da prática?
Adaptação passou a ser fundamental
Para Margareth Oliveira, assistente social do Ampliar, a nova realidade veio para acelerar um processo que estava sendo pensado. Era uma adaptação necessária e o Ampliar, que vinha procurando ferramentas para isso, começou com videoaulas até ao vivo e houve a necessidade de ampliar para o ensino online.
“A necessidade fez com que o ensino online fosse começado com urgência. Foi meio que na base da tentativa e erro, mas os alunos entenderam o momento e estão conseguindo tirar o melhor proveito possível”, conta.
De acordo com ela, um dos problemas foi o acesso dos alunos à internet, mas isso vem sendo driblado. “Muitos moram em locais em que há Wi-Fi livre e se adéquam. Nos primeiros meses ainda conseguimos atender alguns alunos na nossa sede, mas desde maio tivemos de parar de atender aqui. Foi difícil no começo, mas não deixamos de atender. Hoje, estamos atendendo bem o online.”
E o futuro, como fica?
Leonardo Tavares Siqueira acredita que essa realidade veio para ficar. Para ele, claro, o desejo é que as aulas presenciais voltem como eram antes, até porque muitos cursos, como dito, precisam da prática, do “olho no olho”, da “mão na massa”, o que vem sendo feito com adaptações. Tanto que, conforme ele, alguns cursos tiveram procura maior nesses meses.
Essa percepção tem respaldo em pesquisas sobre o tema. Como mostrado neste espaço, de acordo com levantamento da Udemy, marketplace de ensino à distância e aprendizagem, por meio de cursos online, a procura por cursos online teve um aumento de 161% no ano passado. Isso aconteceu principalmente entre os mais jovens.
“O processo foi acelerado. Vimos que podemos oferecer uma estrutura online muito boa e isso nos dá a certeza que, quando tudo voltar ao normal – e vai voltar –, teremos mais opções a oferecer aos nossos jovens”, acredita Siqueira.
O mundo a um clique
Margareth salienta que a pandemia, por mais estranho que posso parecer, fez com que as fronteiras do Ampliar se abrissem. Ela cita o caso de ter alunos não só de São Paulo inscritos nos cursos online.
“Estamos atendendo jovens de outras cidades da Grande São Paulo, do interior do Estado e até de outros estados. Foi uma surpresa, mas tivemos um aluno do Pará em um de nossos cursos”, comemora. Mais, Siqueira completa, lembrando que há um caso de um aluno que fez um curso diretamente do Chile. “Isso só foi possível por causa do online”, defende o diretor-presidente.
O grande desafio, segundo os dois, é manter o contato direto, mesmo que remotamente. Isso vem sendo resolvido por aplicativos de mensagem, como o WhatsApp. “Os alunos não se sentem desamparados, pois sempre estamos em contato com eles”, conta Margareth.
Jovens querem mais conhecimento
Pode até parecer uma dualidade, mas o jovem, mesmo que remotamente, quer conhecimento, quer crescer pessoal e profissionalmente. Assim, como falamos, a procura por cursos cresceu muito, mesmo com todas as dificuldades impostas pelo isolamento social.
Assim, o Ampliar entendeu o momento e procurou alternativas para fazer com que o jovem não perdesse o interesse. “Diferentemente do jovem que está somente fazendo o ensino médio, um que procura um curso profissionalizante tem um objetivo claro e isso faz com que ele entenda o momento e tire o melhor proveito possível”, diz Leonardo.
Para corroborar com isso, a pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), aponta que 28% dos jovens de 15 a 29 anos pensam em deixar os estudos quando as escolas e universidades reabrirem, após suspensão das aulas devido à pandemia.
Segundo Margareth, no caso dos jovens do Ampliar foi observado maior interesse. “Eles nos procuram, querem saber mais e querem se formar, mesmo com todas as dificuldades. Vemos, sim, um jovem com vontade de crescer”, reforça.
Ela conta que o total de alunos cresceu, mesmo com o isolamento. Em 2019 foram atendidos 1,5 mil alunos/ano. Em 2020, a meta era 2,2 mil alunos e foram atendidos 2.170. Este ano, com novos cursos e horários, esse número deve ser ainda maior.
“Esse aluno tem se mostrado mais interessado e participativo. Com melhor rendimento e mais atenção. Ou seja, se o modo de aprender mudou, ele também mudou. As adaptações foram de todos”, defende a assistente social.
Desafios para o futuro
A Ampliar projeta novos cursos para os próximos meses. Está sendo estudado atender cursos na área de tecnologia. A tecnologia também é um pé a ser trabalhado. O curso online veio para ficar. Assim, ter uma plataforma dedicada e personalizada para seus cursos online é um caminho natural no futuro e isso já vem sendo analisado.
Mas se preparar para esse “novo normal” não é fácil. Conforme Leonardo, a pandemia fez com que as dificuldades ficassem ainda maiores. “Hoje, nosso maior desafio é conseguir receita. Como dependemos de doações e parcerias, a pandemia fez com essa ajuda diminuísse. Conseguimos manter nossos atendimentos, mas queremos crescer nesses atendimentos. Mas precisamos de doações e apoio. Essa é a grande tarefa para este ano”, conclui.
Fazendo pessoas crescerem há 30 anos
O Ampliar é uma instituição local e que aceita ajuda de empresas de todo o porto. As PMEs também podem encontrar espaço e colaborar com as ações da entidade.
A instituição completou, em 2020, 30 anos de atuação. São três décadas contribuindo para um futuro melhor de muitos jovens. Mas não se faz isso sozinho.
Vem mudando vidas, mas depende de doações para continuar esse trabalho. Conheça mais as ações do Ampliar e participe! Doe! Se doe!
A maior recompensa é ver que jovens crescem, progridem e têm suas vidas mudadas para melhor. Sem a ajuda de pessoas e empresas, que fazem parte dessa história de 30 anos, não seria possível melhorar a vida de milhares de jovens.
A preocupação sobre que caminhos que os jovens podem seguir deve ser de todos. A capacitação profissional e a possibilidade de se melhorar o futuro dos jovens são uma missão ainda mais importante.
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