Ampliar promove debate sobre aquecimento global

Evento beneficente aconteceu na segunda-feira, 3/9, na sede do Sindicato da Habitação, com palestra de Ricardo Augusto Felício, climatologista da USP

O Secovi-SP (Sindicato da Habitação) realizou na manhã de segunda-feira, 3/9, o 9º Debate Ampliação “Aquecimento Global: Fato, Mito ou Exploração Comercial?”, com palestra do cientista Ricardo Augusto Felício, doutor em Climatologia e professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo. O evento beneficente foi promovido pelo Ampliar, programa de educação e profissionalização de jovens em situação de risco social.

Ao fazer uso da palavra no início do evento, Maria Helena Mauad, presidente do Ampliar, afirmou ter pensado nos jovens da instituição quando ouviu pela primeira vez o professor Ricardo Felício, conhecido pelo seu ceticismo em relação à responsabilidade do homem sobre o fenômeno das mudanças climáticas. “O aquecimento global nos dá um sentimento de finitude. Devemos buscar saber mais sobre o planeta e qual futuro nos espera”, disse. “O Ampliar também é uma escola de cidadania e ensina seus alunos sobre o respeito ao próximo e ao meio em que vivemos.”

O presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, questionou em seu discurso  o uso que fazemos dos recursos naturais. “Usamos corretamente? Será que somos seres tão terríveis que estamos levando o troco da natureza?”.

Bernardes destacou a criação, em 2008, da vice-presidência de Sustentabilidade no Secovi-SP, para tratar exclusivamente das questões ambientais no âmbito do mercado imobiliário. E mencionou trabalhos desenvolvidos nesse período, como o caderno de Condutas de Sustentabilidade no Setor Imobiliário Residencial, feito em parceria com o CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), e os Indicadores de Sustentabilidade no Desenvolvimento Imobiliário Urbano, frutos de parceria com a Fundação Dom Cabral.

“Existe uma consciência bem disseminada no setor. E uma coisa é agir por consciência, outra é agir pelo medo. Esse debate levará à reflexão sobre o aquecimento global sem abandonar a ideia de preservação do meio-ambiente”, afirmou.

Valendo-se de dados científicos convertidos em tabelas, gráficos e ilustrações, e das pesquisas de renomados cientistas internacionais, Ricardo Felício ministrou sua palestra, intitulada “Os fatos da farsa do aquecimento global”. Durante a apresentação, ele demonstrou que não existem evidências científicas sobre o chamado “aquecimento global antropogênico”. E explicou: “Existem mudanças climáticas, sim. É o que mais o clima faz: mudar. A variabilidade climática é a única constante”, ressaltou, minimizando o papel do ser humano nesse processo. “Não está nas mãos da humanidade mudar o clima”, enfatizou, lembrando a seguir que os oceanos respondem por uma “liberação colossal de CO2” para a atmosfera.

Ainda de acordo com Felício, o efeito estufa, que causaria o aquecimento global, não existe. “Isso é o ‘mundo da fantasia’ do IPCC (em português, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)”, disparou. “Sem evidências, os trabalhos compilados pelo IPCC partem do pressuposto de que é possível equacionar o clima baseando-se principalmente em fatores econômicos.” Felício ainda informou que são gerados enormes códigos de computador para modelagens climáticas. “Tudo que o IPCC divulga baseia-se em modelos numéricos de computador, que simulam o clima da Terra em grande escala. Isso é pseudociência”, completou.

O climatologista também falou sobre a Teoria da Tríade, que usa os maiores medos da humanidade – morte, mudança e futuro – para atrasar o desenvolvimento das nações e instituir um poder internacionalizado, vendendo uma solução: a implementação do “desenvolvimento sustentável”.

Sua conclusão é que o aquecimento global e as mudanças climáticas não são fenômenos físicos, mas sim político-econômicos, baseados em ideologia.

Na segunda parte do evento, as discussões prosseguiram com a participação de uma banca de debatedores. Estiveram presentes José Eduardo Lutti, 1º promotor de Justiça do Meio Ambiente da Capital, e Daniel R. Fink, procurador de Justiça, ambos do Ministério Público do Estado de São Paulo; Denis Rosenfield, professor da Universidade do Rio Grande do Sul e articulista do jornal O Estado de S. Paulo; Marcelo Takaoka, presidente do CBCS e do Conselho Consultivo da Unep-SBCI (ONU); Ciro Scopel, vice-presidente de Sustentabilidade do Secovi-SP; e Luiz Gylvan Meira Filho, pesquisador visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Para Rosenfield, o ceticismo e o exercício da dúvida constituem o cerne do trabalho científico. E, partindo dessa premissa, criticou o fato de os partidários da tese do aquecimento global terem adquirido uma espécie de “status de profeta” junto à opinião pública. “Temos todo um movimento que prega a favor da existência do aquecimento global sem base empírica e científica. Quem discorda dessa corrente virou herético”, observou.

Já Fink antagonizou com Felício. “Será que mais de 300 cientistas, chancelados por 160 países, estão mentindo sobre o assunto?”, perguntou, acrescentando que “há um quadro muito claro de dúvida”.

A questão econômica e comercial foi abordada por Marcelo Takaoka. “Construir edifícios eficientes é mais caro, mas já está provado que, ao longo do tempo de ocupação, a economia no uso de energia garante o retorno sobre o investimento”, esclareceu. Em sua visão, o nicho da construção sustentável pode e deve ser visto pelo setor como uma oportunidade interessante e promissora.

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